Por Selma Erlandson, professora e mãe no programa Português Plus
Eu sempre ensinei. Na escola dominical aos 15 anos, durante o meu segundo grau estagiando e nunca parei, tanto no Brasil quanto aqui nos Estados Unidos. Já ensinei Português e Literatura, Inglês como segunda língua, Português como segunda língua, mas foi somente em 2015 através do Pro-gente Connections e do Portuguese Plus que comecei a ensinar o Português com Língua de Herança (PLH).
Essa é uma área do ensino-aprendizagem que me fascina quando ao mesmo tempo me intriga pois ainda é um terreno que ainda está sendo garimpado. Com isso eu quero dizer que não existe um manual de como ensinar os nossos filhos a serem proficientes em sua língua de herança. Levando em consideração que a língua é um organismo vivo e está em constante evolução, ensinar uma criança o PLH significa ajudá-lo a melhorar o que ele já aprendeu em casa.
A ausência desse manual de instrução para o ensino do PLH me causava uma certa frustração tanto como professora e como mãe de quatro meninos que em minha mente poderiam talvez nunca falar a minha língua materna. Foi em agosto de 2018 quando participei do VII EMEP – Encontro Mundial sobre o Ensino de Português que ouvi algo que me renovou a esperança. A melhor coisa que podemos fazer para ajudar os nossos filhos a aprender uma língua de herança é expô-los ao máximo a tal língua.
Estudos mostram que crianças que tiveram uma constante exposição a uma segunda língua, serão capazes, quando crescerem, de reproduzir perfeitamente os sons de tal língua e mesmo que tenham deixado de falar a língua, terão uma extrema facilidade em ”re-aprendê-la”. Isso devido a uma memória fonética possivelmente adquirida somente na infância.
Falar, repetir, escrever são sem dúvidas fatores importantes na aprendizagem de uma língua de herança, no entanto, o escutar essa língua acontecendo, evoluindo, pode ser o que vai garantir aos nossos filhos a aprendizagem e uso do nosso tão querido Português.